Estudar pode ser uma atividade lúdica

O lápis derrubado na mesa e as lágrimas corriam. Eu detestava fazer cópia de textos, nos meus tempos de ensino fundamental I. Aquilo parecia sem propósito, me cansava as mãos e a alma. Eu não tinha nenhum desejo de aprender, se aprender significava copiar o texto do livro outra vez.
Que bom que os tempos mudaram.
As metodologias novas, os projetos pedagógicos mais avançados, o olhar da escola sobre o estudo mudou. Falo da escola que abandona a tradição de "copiar o passado" sem renovar, pela simples crença de que "no nosso tempo funcionava" e passa a olhar diferente.
Escolas que se atualizam, apontam cada vez mais para a direção onde a produção do aluno é própria, desenvolvida após discussões e reflexões de grupo, incorporando saberes de mundo e saberes familiares. Estudar não precisa mais ser chato. Saber pode ter sabor agradável.
Quanto mais vejo as crianças e os adolescentes apropriarem-se do seu processo de aprendizagem, mais vejo que ficam satisfeitos com isso. Tornam-se criativos, pesquisadores, interessados a respeito de tudo que os circunda e também do que ouvem dizer que exista.
Pesquisar, não significa somente abrir o livro, buscar o site ou ler o jornal. Pesquisar e investigar um assunto pode acontecer naquela conversa da tarde com a senhora da casa ao lado, regada a bolinhos e suco. Falando de causos de antigamente, falando de tempos que ela viveu ou  da receita saboreada bem ali.
Uma compra de supermercado pode dar muito pano para a manga, como dizem. Preços, tipos de produtos, composição do biscoito, tudo pode ser tratado como objeto de estudo, se o interessado assim o quer.
"Mãe, porque eu não posso comer bolacha recheada?" - foi assim que meu filho Gabriel começou uma bela jornada de perguntas e buscas em relação à alimentação industrializada e natural. Pesquisar o bem e o mal que fazem os itens que compõe os alimentos, ensina sobre alimentação saudável, sobre percentagens, sobre saúde e por aí vai. Isso também é estudar.
Sentar-se em local apropriado, fazer a lição de casa, ler um trecho do livro escolhido, realizar contas de reforço, também é estudar.
Inventar histórias, criar jogos, criar problemas matemáticos para os outros resolverem, são maneiras lúdicas de desenvolver estudos, treinar e exercitar nossas capacidades.
Nas tardes quentes, depois de brincar com água, as crianças ficam bem felizes de sentar-se no quintal, munidas de tintas, lápis, canetinhas, revistas velhas, tesoura, cola, pincéis e papel grosso para criar dominós, quebra- cabeça, jogos de tabuleiro e de bingo. Conteúdos matemáticos, sequência lógica, cores e suas misturas, palavras, poemas, podem ser material de trabalho para desenvolver brinquedos novos e pessoais.
Com uma orientação breve sobre como usar os materiais, pequenas sugestões e muito incentivo, o conhecimento ganha vida nestas atividades lúdicas, fixando saberes, desafiando possibilidades, formulando hipóteses.
Conhecimento não precisa morar apenas nos cadernos da sala de aula. Pode e deve morar na mente e na vida da gente.
Bons ventos!

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