Quando leio um bom texto, minha
mente navega na destreza com que o autor expõe suas ideias e faz o uso da
língua com refinamento e elegância. Sinto-me encantar pelas concordâncias bem
postas, pela precisa pontuação e pelo ritmo desta combinação.
Mas e na escola? Só o professor de português precisa escrever bem?
Durante algumas semanas, reparei nas queixas de mães e pais a
respeito de bilhetes redigidos inadequadamente,
erros terríveis de correção e frases
ditas em sala que podem arrepiar os cabelos. Os erros de concordância verbal e
nominal são os campeões.
Aprendi, na minha estrada
de vida, que o exemplo ensina mais do que a intenção. Assim era a rotina da
minha casa e a da minha escola. Para nós, aqueles adultos eram dignos de ser
referência, porque “sabiam” a melhor maneira de fazer as coisas e podiam nos
orientar.
Claro que no meio do caminho aconteceram pedras. Durante o quarto
ano do 1º grau, a professora de matemática ensinou-me de forma errada, a construção da conta de divisão. Resultado,
até hoje me atrapalho com isso e preciso pensar para solucionar. Na época, meus
pais perceberam depressa e cobraram uma solução por parte da profissional e da
escola, tudo foi resolvido. Mas o “erro” aprendido, não ficou desfeito.
Infelizmente, escrever com erros graves, passar conteúdos que não
se domina, tem sido uma triste rotina na educação brasileira. Cabe à família
observar com atenção o que é passado na
escola e cobrar qualidade. Cabe mais ainda à escola, valorizar a língua e a boa
escrita, independente da disciplina ou do segmento onde o professor leciona.
Seja no quadro, na correção
de uma atividade, na correção de provas,
no bilhete que segue na agenda do aluno ou na papelada da escola: é inadmissível um professor escrever errado.
Como aceitar na posição de
quem “ensina” a fazer certo alguém que diz ao grupo “ a maioria dos alunos fomos no passeio? Como confiar num
profissional com comentários expressos
com a pérola : “Nóis ainda não fizemos”? Como familiares
podem tecer laços de confiança na escola se recebem bilhetes com erros
grosseiros de grafia e concordância, num mundo onde há dicionários, gramáticas
e recursos tecnológicos para tirar dúvidas?
Por mais que se dê ao outro uma segunda chance (afinal todos erram
e são humanos) fique de olho. Cobre da escola e de seus profissionais a melhor
qualidade de oralidade e escrita.
Dificuldades não são justificativas para não se corrigir as falhas e há muitos
recursos para isso.
Aquilo
que se aprende corretamente se grava corretamente. Aquilo que se aprende com
erros, custa-se muito tempo a corrigir e
às vezes não se corrige.
Bons Ventos!