Não é tão simples assim

Há dias em que nos sentimos impotentes diante do sistema público em função. Como peixes num aquário gigante, sem conseguir interferir na ordem das coisas e sem sermos ouvidos em nossas necessidades e desejos.
Ontem, o grupo do Fórum de Educação foi acompanhar uma audiência pública na Câmara dos Deputados da Cidade de São Paulo, na qual a Comissão de Administração, supostamente ouviria o povo sobre o Plano Municipal de Educação. Horas de falatório daquilo que eles já tem pronto, nada de espaço para opiniões que possam mudar algum rumo no assunto. Gestão participativa "para inglês ver", porque na prática não cabe a ninguém participar de fato.
No Senado Federal, você sabe como é a participação do povo?  Pode entrar e ouvir sem poder comentar. A isso chamam participação.
É tão ditatorial o discurso neste país que só mesmo com muito amor para seguir em frente.
outro dia me mandaram uma frase no FB que traduz meus sentimentos de hoje. Atribuída a Aldous Huxley, fala que a ditadura perfeita teria ares de democracia, como uma prisão sem muros de onde ninguém nem sonharia em sair, um sistema de escravidão onde graças ao consumo e a diversão, os escravos teriam amor à escravidão. assustadoramente realista, aqui da minha janelinha.
Não é tão simples assim, sair deste gênero de amarras e mudar o quadro educacional do Brasil.  Única certeza que eu ainda tenho é que não podemos desistir nunca deste objetivo.
Quem de fato analisa e mergulha na questão e seus aspectos filosóficos, percebe que as crianças estão  em desvantagem grande. Sem escuta, sem um olhar para suas necessidades e seu potencial, apenas levadas em frente através de meios questionáveis na educação pública, com alguns oásis de boa qualidade.
E lá vem a política colocar mais mães crecheiras como solução para sua incompetência educacional. Pessoas sem conhecimento, sem preparo que enchem uma casa de crianças, como quem enche um depósito de caixas e as "aguenta" dia afora, mantendo vivas e com alguma comida na barriga. Não raro, sob gritos, empurrões, ameaças e pressão psicológica. A mulher pobre que trabalha, confia neste serviço que muitas vezes é o único que tem por perto. A criança cresce num ambiente péssimo para sua formação, apanhando de outra maior, ouvindo impropérios e sentindo um tipo de abandono cruel, o abandono falsamente assistido.
E assim, arrastando um legado de coisas mal resolvidas a educação tenta existir, falida, perdida e sem identidade.
As escolas particulares cobrando e lucrando fortunas para oferecer para as classes mais favorecidas, um modelo mais decente de serviço educacional. Aliás é bem complicada esta discussão de serviço, obrigação pública, sacerdócio educativo...algo a mais que se põe sob o tapete e lá na frente acabará por cair no colo de alguma geração, que terá que resolver.
E tem tanto mais para comentar, mas por hoje chega,  preciso carregar as baterias para trazer coisas mais bonitas de se ver. Estas são muito feias, embora importantes de discutir.
Bons Ventos!
Marcia

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