Para muitas famílias, uma
realidade quase etérea, algo de que ouvem falar e não tem muita clareza do que
se trata. Como uma coisa que por não se ter, não se interessa por saber. Um distância
muitas vezes pautada por um
protecionismo ignorante ou por uma ilusão de mundo idealizado que não permite o
inusitado.
Para pais e mães de autistas
é bem diferente.
Portadores deste transtorno,
apresentam comportamentos repetitivos, restrições e dificuldades de
comunicação. Precisam de atendimento específico para que possam desenvolver
habilidades, que para as demais pessoas acontecem de forma praticamente
espontânea.
Mas ao contrário do que
deveria ser recebem pouco apoio, má vontade e preconceito por parte do poder
público e da sociedade em geral.
Estas pessoas e suas
famílias, precisam de atendimento de saúde especializado, inclusão escolar e
suporte pedagógico específico e estruturas preparadas para o seu acolhimento.
Necessitam de apoio para a inclusão no trabalho, aproveitando suas
características tão peculiares.
“Autismo é um termo geral
usado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro,
conhecido como Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD).
Os outros transtornos
globais do desenvolvimento são:
Transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra
Especificação (TGD-SOE);
Síndrome de Asperger;
Síndrome de Rett;
Transtorno Desintegrativo da Infância.
Muitos pais e
profissionais usam o termo “Transtornos do Espectro do Autismo” (TEA) quando se
referem a este grupo de transtornos. Você também pode ouvir os termos “Autismo
Clássico” ou “Autismo de Kanner” (nome do primeiro psiquiatra a descrever o
Autismo), usados para descrever a forma mais grave do transtorno.
No Brasil, o
diagnóstico oficial é dado a partir do CID 10 – Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-10 – Versão
2008, que define o Grupo dos Transtornos Globais do Desenvolvimentocomo
alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e de comunicação e
por um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e
repetitivo que afetam todo o funcionamento da pessoa, o tempo todo.”
Ontem ocorreu a
Corrida e Caminhada pela Concientização
do Autismo em várias cidades do país e do mundo. Em São Paulo, a ponte estaiada
coloriu-se de azul, pessoas uniformizadas, carregando a alegria nos olhos, nos
sorrisos e na voz deram uma demonstração maravilhosa de respeito, valorização e humanidade.
Mas não é sempre
assim.
Familiares de
autistas e portadores de “Síndrome de Asperger”, enfrentam todos os dias as
barreiras criadas pela desinformação, pelo preconceito e pela intolerância.
Pessoas destratam seus filhos em locais públicos, retiram suas crianças de
perto “daquele menino estranho”, dizem que a criança tem “espírito ruim”,
“espírito do mal” e outros absurdos que não nos convém descrever.
Uma família chega a
relatar que a diretora de uma escola após negociar a entrada de uma destas
crianças tão especiais, cancelou a matrícula na última hora, alegando que o
garoto sofreria Buliyng, seria péssimo para todos. Hein??? E qual é o papel
dela de diretora e educadora neste caso?
Confesso que não me
surpreendo, apesar de não aceitar que estas posturas continuem a ocorrer
ininterruptamente.
É preciso mais do que
o verniz para conhecer a madeira do móvel.
É preciso mais do que
olhar para saber a temperatura do mar.
É preciso mais do que
ler o manual para dirigir o carro.
É preciso ficar nu.
Despir-se dos
preconceitos, despir-se das ideias únicas e limitadoras. Olhar o outro como ser
humano, como parte de um todo.
A diferença incomoda
a quem esconde de si mesmo seus preconceitos e intransigências. A diferença
expõe, deflagra.
A diferença traz à
tona o que as pessoas tem por dentro, tanto de bom, quanto de ruim. Viver na
igualdade é fácil, difícil é olhar no espelho do mundo. Olhar e ser obrigado a
ver que não somos tão doces quanto pensamos, tão gentis quanto publicamos, tão
generosos quanto gostaríamos e tão “despreconceituosos” quanto supomos.
O autismo existe, tem
características próprias e não é errado e nem certo, é diferente do padrão.
Pessoas maravilhosas portam este tipo de transtorno e contribuem de forma
incrível para a evolução humana, mas muitas pessoas não sabem, não desejam
saber.
Os filhos neurotípicos
nos trazem muitas alegrias com suas conquistas. Os filhos autistas, também.
Os filhos
neurotípicos merecem todo apoio para crescer, desenvolver-se e trilhar sua
estrada da melhor forma. Os filhos autistas também.
Hoje, vista-se de
azul para ajudar esta causa e tire meia hora da sua tarde e pesquise sobre o
assunto. Isso é solidariedade.
Bons Ventos!
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