Educar pelo exemplo




A relação professor-aluno deve ser refletida constantemente. Ela se dá o tempo todo, seja em sala de aula, nos intervalos, no recreio ou em eventos extraclasse. Enfim, ela se dá na vida. Essa inter-relação deve ser o fio condutor para que haja uma verdadeira aprendizagem por parte dos alunos. Recentemente, tive a rica oportunidade de assistir ao filme Clube do imperador, que, por sinal, foi indicado por meu enteado, um jovem de 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio numa instituição particular. Como todo jovem, ele é um grande questionador do verdadeiro sentido da escola em sua vida. O filme é provocativo para os educadores e nos remete ao verdadeiro papel desse profissional na vida dos alunos. Ele nos faz refletir se nossa postura é coerente e ética perante os desafios diários de uma sala de aula e os apelos do mundo.
O enredo do filme se desenrola num colégio bem-conceituado e tradicional, que é freqüentado por jovens de classe alta. O personagem principal do filme é um professor de história que, em suas aulas, discute temas como Roma e seus filósofos. Suas aulas são verdadeiramente apaixonantes, o que provoca e instiga seus alunos a pesquisarem e estudar o assunto. Durante o filme, bateu-me um saudosismo da época em que me encontrava na sala de aula como professora. Primeiro, pelo brilho nos olhos que eu tinha (que, aliás, todo verdadeiro educador tem), brilho que é reconhecido de longe e sempre vem acompanhado de muito amor, esperança e um grande desejo de ensinar, de provocar e de desestabilizar essa geração do "tô nem aí", do descartável e do ter pelo ter.
Quando um filme desses é indicado por um jovem estudante desacreditado de sua vida escolar (lembrando que esse jovem sabe que sou educadora e convivo parte do meu dia e da minha vida com educadores), é momento de parar e perguntar: "Que mensagem esse jovem está nos passando ao indicar este filme? Que professor é esse que despertou sua admiração (mesmo sendo num filme)?" Lembrando sempre que é essa geração que mostra não estar nem aí. A relação professor-aluno deve ir além de simplesmente discutir a educação enquanto currículo. O momento é de dar novo significado à educação pelo lado do sentido, do interesse, da coerência, do ser modelo de autoridade, do ser referência. É momento de discutir a educação do ser, a educação da coerência. O currículo deve ser repensado e suas estratégias educacionais também. É preciso mudar o olhar! É certo que não poderemos mudar a direção do vento, mas podemos alterar a posição das velas.
O que ocorre é que nós, educadores, sempre estamos atribuindo aos outros a responsabilidade que deve ser nossa: a de educar pelo exemplo. Lamento e conformismo não devem ser características de um educador. A época é de mudanças. A realidade deve ser enfrentada. Como poderemos abraçar esta geração se ainda não acreditamos nela? Como diria John Kennedy, "o limite do homem é o limite de seus sonhos".

Jane Patricia Haddad –
Psicopedagoga clínica e
coordenadora pedagógica
do Instituto Coração de Jesus,
em Belo Horizonte
Estado de Minas, 25/10/2005 - Belo Horizonte MG

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