E então, ajudo a fazer a lição de casa?


Por Márcia Golz
Minha resposta é SIM!
 Quando ingressa no Fundamental I, a criança ainda tem seu pezinho na rotina da educação infantil (pelo menos deveria ter!) e tudo se torna novo. Muitas vezes até o mobiliário, os tipos de equipamentos e materiais usados em sala, a presença de mais de uma professora ou professor, trazem uma visão diferente de escola, comparada à educação infantil.
É comum as crianças mostrarem dificuldade para compreender o que significa ter uma lição para fazer em casa, uma vez que ela já fez outras na escola. Todo o preparo de ambiente, todos os procedimentos de organização que ela vivencia na escola, ainda não estão incutidos e o olhar de um adulto para ajudar, torna-se importante.
Mas ajudar como?
Acredito que oferecer um espaço adequado, garantir que a criança tenha à disposição o que é necessário, é um bom começo. Fazer lição na mesa de refeição, sentado todo torto diante da televisão ou no meio da brincadeira dos irmãos é inadequado.  O ambiente precisa permitir a concentração.
Cobrar capricho na letra, limpeza, apagar sem borrões e incentivar a criança a pensar e buscar resoluções das propostas, também  é muito importante. Não é preciso preocupar-se em “ensinar conteúdos e conceitos”, este é o papel da escola. Seja orientador na organização.
Um dia destes, um amigo que coordena a área de línguas de uma escola de elite de São Paulo, relatou-me a dificuldade imensa que seus professores tem com a organização dos alunos. Segundo ele, crianças que tem tudo à mão, por pais e babás, não aprenderam procedimentos simples como retirar da mesa o material que não vão precisar, ter lápis e borracha à mão e em condições de uso, ter mãos limpas para manipular os livros e cadernos. A escola precisa ensinar cada detalhe, porque em casa não há nenhuma orientação. Que pena.
O papel do familiar adulto no apoio à lição de casa, deve ampliar o repertório de recursos da criança e não extirpá-lo. Somos facilitadores para que a criança adquira autonomia e com o tempo, seja tranqüilo para ela realizar suas tarefas sem precisar de interferências, apenas supervisionada por um olhar disponível.
 Ajude a criança a buscar recursos e instrumentos de pesquisa que ampliem seu aprendizado, que tragam mais dados e conteúdos. Isso pode vir de um passeio pelos livros, pela web, pela história da família ou por ambientes culturais fora da escola. Depende do seu olhar atento e da necessidade do momento. Pense junto. Não pense pela criança.
Quem tem ajuda, aprende que pode contar com os outros. Fazer lição de casa pode ser então um momento de aprender a lidar com idéias dos outros, com o coletivo, com construção em equipe. O mundo tem uma imensa necessidade de afastar-se do olhar individualista, fechado em si. É preciso viver situações onde o outro é parceiro, não é concorrente. Isso ensina a dar e receber apoio.
Mas preste atenção para não tomar para si a tarefa e acabar por fazê-la no lugar da criança. Ajude a buscar, não dê pronto. Seja um incentivador e uma referência.
O trabalho de lição de casa, assim como o estudo envolvem a curiosidade, delícias de aprender, a responsabilidade, escolhas, inseguranças, indecisões, medos, preguiça. É preciso uma mão amiga ali, ajudando a lidar com tudo isso!
Bons Ventos!

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