Socorro, meu filho precisa de limites!


O que eu espero desta criança?
Cada pai e mãe, pode fazer esta pergunta para si mesmo, facilitando assim o caminho de educar.
Algumas mães  me procuram para conversar a respeito de limites, de birras e de agressividade infantil. Relatam histórias de tapas, arranhões, cuspidas, mordidas, empurrões, socos e pontapés. Perdidas diante das cenas nos supermercados, na casa de parentes e às vezes na escola, sentem-se angustiadas e tem medo que seu filho seja uma “criança problema”.
A questão em alta hoje é “Como colocar limites?”
Uma coisa em comum que observei em diferentes relatos, é a falta de clareza do que esperam de suas crianças. Todas as querem bem educadas, mas não sabem definir de pronto o que isso significa, quando começo a problematizar sua narrativa dos fatos.
No espaço escolar, adquiri a experiência de definir metas e estratégias para alcançá-las. Esta atitude fez com que eu percebesse que era preciso saber o que eu desejava dos alunos e o quanto eles estavam aptos a atingir meus objetivos. Assim, a pergunta lá em cima neste texto, era realmente o primeiro passo antes de qualquer  avanço.
Quero a criança  idealizada de novela, “educada” que pede tudo com gentileza, se aquieta na conversa entre os adultos, senta direito e espera calmamente  e sorrindo,  que lhe chegue o lanche, o livro, a pessoa para buscar ou a hora de sair para o recreio?
Quero uma criança ativa, questionadora, ousada, com auto estima, alegre, antenada?
Ao perguntar, somos obrigados a definir nossa intenção, a observar nossas expectativas e equacionar os valores dos quais nos cercamos, no momento em que esperamos alguma coisa do outro.  Abandonamos o ideal  para olhar o real.
Que família somos? Que queremos oferecer ao mundo? Como queremos estabelecer esta relação?
Feito isso, podemos pensar nas formas de atingir nosso objetivo.
O adulto é a autoridade desta relação e precisa  assumir seu papel. Autoridade não se constrói no medo, mas na firmeza, na paciência, no respeito e com muita insistência. Vejo crianças tomando as decisões no lugar dos adultos e administrando poderes que não estão preparadas para lidar. Decidem se a família comerá fora ou não, se viajam para a praia ou para a casa da tia, se farão lição de casa ou não, se a mãe pode sair,  escolhem castigos e até se faltarão na escola.
Criança não toma este tipo de decisão, não lhe cabe. É a pessoa responsável por ela que deve fazer isso, ou pesa sobre a criança uma responsabilidade superior à sua capacidade de carregar. O adulto deixa de ser referência  e a criança vira um barco à deriva.
Falar “sim” e falar “não”, são demonstrações de afeto quando significam limite. Negar alguma coisa é dar sentido a um valor, dar concretude. O não pode ser mais acolhedor que o sim. Educa, constrói uma linha delimitadora de ações, de poderes e de necessidades. Abraçar o “não”  dói menos do que não saber nunca o que abraçar por ter opção demais, por exemplo.
Seja em casa ou na escola, a ausência do não, o ceder para a birra, o escândalo, a irritabilidade sem fim, leva ao terreno pantanoso da desautoridade.  Por falta de clareza nas colocações, os adultos promovem,com sua falta de coerência, exatamente o contrário do que pretendem e vêem crescer sob seus narizes, mais e mais transgressões.  Exaustos e sem rumo, muitos acabam partindo para os gritos, tapas e empurrões, exatamente o que condenavam na criança, ainda a pouco.
Na escola  é  mais comum ver crianças que batem, que resolvem seus conflitos com tapas, empurrões, mordidas  e pontapés. Observa-se crianças aos gritos na choradeira, tentam conseguir que seus desejos sejam atendidos. Aí entram os tais dos limites. Sem berros, firmes, inegociáveis, diretos. A transgressão anda no encalço da regra. Não é o caso de esperar diferente, mas de preparar-se para isso. O educador preparado, interfere diretamente  e faz valer sua autoridade com firmeza e afeto.
Palavras francas, diretas, numa linguagem compreensível para a criança, na  hora, sem adiamentos, sem ameaças.  É muito mais tranqüilo para ela, saber exatamente o que é permitido e o que não é permitido. Evita ansiedade, estabelece os critérios das relações, define as margens onde ela pode pisar.
Crescer já é tão complicado, imagine se você não sabe para onde?
Uma dica: insista, repita, repita e repita. Ninguém aprende de uma vez e criança esquece, testa, experimenta. Uma hora a atitude se transforma,  pronto. Aí vem outro desafio.
Chorar, espernear, gritar que odeia, faz parte do jogo. Aí entra a paciência e a maturidade do adulto. A reação dela não é pessoal à você, mas ao fato de lidar com a frustração. É extremamente educativo frustrar-se e lidar com a frustração. Deixe o medo e a culpa fora do jogo. É seu dever educar, mesmo na parte menos saborosa da coisa.
A repetição da atitude limitadora é a chave. Muito adultos reclamam que não conseguem mudar as atitudes dos filhos, tentam muitas coisas, seguem mil conselhos e não funciona. Diversifique menos e repita mais.
Criança aprende um tiquinho a mais com cada repetição. Repare que elas assistem muitas e muitas vezes o mesmo filme, como se fosse sempre novidade. É porque sempre percebem mais uma coisa que antes passou sem ser vista, apreendem um detalhe, dão significado a um ponto.
E é assim que todo mundo elabora as emoções e os conhecimentos e vai se construindo e se achando no mundo.
Conheça seu filho. Dê a ele regras claras e conseqüências claras e coerentes para casos de  descumprimento. Se ele reincide , reproduza a regra e a conseqüência. Eles só insistem porque estão levando em conta o que acontece, precisam checar, precisam testar a validade. 
Bons Ventos!

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