Cada pai e mãe, pode fazer esta pergunta para si
mesmo, facilitando assim o caminho de educar.
Algumas mães me
procuram para conversar a respeito de limites, de birras e de agressividade
infantil. Relatam histórias de tapas, arranhões, cuspidas, mordidas, empurrões,
socos e pontapés. Perdidas diante das cenas nos supermercados, na casa de
parentes e às vezes na escola, sentem-se angustiadas e tem medo que seu filho
seja uma “criança problema”.
A questão em alta hoje é “Como colocar limites?”
Uma coisa em comum que observei em diferentes relatos,
é a falta de clareza do que esperam de suas crianças. Todas as querem bem
educadas, mas não sabem definir de pronto o que isso significa, quando começo a
problematizar sua narrativa dos fatos.
No espaço escolar, adquiri a experiência de definir
metas e estratégias para alcançá-las. Esta atitude fez com que eu percebesse
que era preciso saber o que eu desejava dos alunos e o quanto eles estavam
aptos a atingir meus objetivos. Assim, a pergunta lá em cima neste texto, era
realmente o primeiro passo antes de qualquer
avanço.
Quero a criança idealizada de novela, “educada” que pede tudo
com gentileza, se aquieta na conversa entre os adultos, senta direito e espera
calmamente e sorrindo, que lhe chegue o lanche, o livro, a pessoa
para buscar ou a hora de sair para o recreio?
Quero uma criança ativa, questionadora, ousada, com
auto estima, alegre, antenada?
Ao perguntar, somos obrigados a definir nossa
intenção, a observar nossas expectativas e equacionar os valores dos quais nos
cercamos, no momento em que esperamos alguma coisa do outro. Abandonamos o ideal para olhar o real.
Que família somos? Que queremos oferecer ao mundo?
Como queremos estabelecer esta relação?
Feito isso, podemos pensar nas formas de atingir nosso
objetivo.
O adulto é a autoridade desta relação e precisa assumir seu papel. Autoridade não se constrói
no medo, mas na firmeza, na paciência, no respeito e com muita insistência.
Vejo crianças tomando as decisões no lugar dos adultos e administrando poderes
que não estão preparadas para lidar. Decidem se a família comerá fora ou não,
se viajam para a praia ou para a casa da tia, se farão lição de casa ou não, se
a mãe pode sair, escolhem castigos e até
se faltarão na escola.
Criança não toma este tipo de decisão, não lhe cabe. É
a pessoa responsável por ela que deve fazer isso, ou pesa sobre a criança uma
responsabilidade superior à sua capacidade de carregar. O adulto deixa de ser
referência e a criança vira um barco à
deriva.
Falar “sim” e falar “não”, são demonstrações de afeto
quando significam limite. Negar alguma coisa é dar sentido a um valor, dar
concretude. O não pode ser mais acolhedor que o sim. Educa, constrói uma linha
delimitadora de ações, de poderes e de necessidades. Abraçar o “não” dói menos do que não saber nunca o que
abraçar por ter opção demais, por exemplo.
Seja em casa ou na escola, a ausência do não, o ceder
para a birra, o escândalo, a irritabilidade sem fim, leva ao terreno pantanoso
da desautoridade. Por falta de clareza
nas colocações, os adultos promovem,com sua falta de coerência, exatamente o
contrário do que pretendem e vêem crescer sob seus narizes, mais e mais
transgressões. Exaustos e sem rumo,
muitos acabam partindo para os gritos, tapas e empurrões, exatamente o que
condenavam na criança, ainda a pouco.
Na escola é mais comum ver crianças que batem, que
resolvem seus conflitos com tapas, empurrões, mordidas e pontapés. Observa-se crianças aos gritos na
choradeira, tentam conseguir que seus desejos sejam atendidos. Aí entram os
tais dos limites. Sem berros, firmes, inegociáveis, diretos. A transgressão
anda no encalço da regra. Não é o caso de esperar diferente, mas de preparar-se
para isso. O educador preparado, interfere diretamente e faz valer sua autoridade com firmeza e
afeto.
Palavras francas, diretas, numa linguagem
compreensível para a criança, na hora,
sem adiamentos, sem ameaças. É muito
mais tranqüilo para ela, saber exatamente o que é permitido e o que não é
permitido. Evita ansiedade, estabelece os critérios das relações, define as
margens onde ela pode pisar.
Crescer já é tão complicado, imagine se você não sabe para onde?
Crescer já é tão complicado, imagine se você não sabe para onde?
Uma dica: insista, repita, repita e repita. Ninguém
aprende de uma vez e criança esquece, testa, experimenta. Uma hora a atitude se
transforma, pronto. Aí vem outro
desafio.
Chorar, espernear, gritar que odeia, faz parte do
jogo. Aí entra a paciência e a maturidade do adulto. A reação dela não é
pessoal à você, mas ao fato de lidar com a frustração. É extremamente educativo
frustrar-se e lidar com a frustração. Deixe o medo e a culpa fora do jogo. É
seu dever educar, mesmo na parte menos saborosa da coisa.
A repetição da atitude limitadora é a chave. Muito
adultos reclamam que não conseguem mudar as atitudes dos filhos, tentam muitas
coisas, seguem mil conselhos e não funciona. Diversifique menos e repita mais.
Criança aprende um tiquinho a mais com cada repetição.
Repare que elas assistem muitas e muitas vezes o mesmo filme, como se fosse
sempre novidade. É porque sempre percebem mais uma coisa que antes passou sem
ser vista, apreendem um detalhe, dão significado a um ponto.
E é assim que todo mundo elabora as emoções e os
conhecimentos e vai se construindo e se achando no mundo.
Conheça seu filho. Dê a ele regras claras e conseqüências
claras e coerentes para casos de descumprimento. Se ele reincide , reproduza a
regra e a conseqüência. Eles só insistem porque estão levando em conta o que
acontece, precisam checar, precisam testar a validade.
Bons Ventos!
Bons Ventos!
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