Um pouco das recorrentes desescolhas do feminino



Tenho conversado com muitas amigas insatisfeitas com seus casamentos, ultimamente.
Uma coisa que chama a atenção, é que nossas escolhas de relacionamento, muitas vezes não são acompanhadas de análises reais da vida. Casamos porque nos apaixonamos, casamos porque temos uma fantasia de felicidade e esperamos alcançá-la, casamos com o que queremos ver do outro. 
No dia a dia, a maioria se de depara com aspectos que julga não estarem de acordo com o que pretendiam e aí começa a festa da culpa.
O que falta? 
Penso eu, que seja olharmos para a escolha e ver o que realmente fizemos, o que levamos em consideração da realidade do outro, o que a gente simplesmente não achou importante, o que a gente achou que vinha automático, e o que a gente tapou o sol com a peneira.
Hoje, vendo dezenas de amigas com relacionamentos repletos de insatisfação, observo que lá atrás, suas escolhas foram feitas com muitos pontos cegos. Poucas mulheres olham de verdade um homem antes de assumir suas relações. Tem a ilusão histórica de que com jeito podem mudá-los, podem fazer sair como querem e acabam nas armadilhas da submissão, sem se dar conta.
Não é com uma ou outra especial, é com o feminino todo.
Mas cada ser humano responde por si, por mais escolhas coletivas que faça. casal ou não, você é indivíduo. Costumo dizer que o casamento é uma instituição incrível, o problema está nas pessoas que a abraçam.
Ninguém acha importante discutir como será a administração de casa, compras, dinheiro, filhos, viagens, pulos na cerca, dívidas, saídas sem o parceiro, doenças, tragédias e toda sorte de coisas, antes de dizer sim. Parece que esperam que seja um conto de fadas e que nunca passem por nada, em nome do amor romântico perfeito.  
Alô humanidade, não funciona!
Olhar para tudo, com o bonde andando, é bem difícil. 
Temos muitas emoções envolvidas, jogos de culpa, jogos de manipulação, filhos, medo das dificuldades de sobreviver sozinhas. Sentimo-nos em risco, então recuamos de nossa indignação e nos conformamos com a insatisfação em nome.. de quê?? 
Percebe que é de nada?? Porque não podemos questionar, reavaliar, exigir ser ouvidas e aceitas? O poder do outro, do dinheito, do que masculino, é maior??
Os monstros moram onde os colocamos.
Mas toda a escolha envolve riscos. Não dá para mergulhar no rio e sair seca, como diz minha amiga Pauleca.
Decidir que se  vai questionar uma relação em andamento, implica pelo menos no risco de:
1 -Ter êxito, conseguir reformular acordos de ambos os lados e adquirir uma performance satisfatória da relação.
2 -Ter êxito parcial e precisar decidir entre o que vale a pena e o que não, assumindo a escolha
3 - Não ter êxito algum, descobrir que a relação não serve mais,  diante de seu crescimento emocional e precisar romper laços difíceis e dolorosos ou pagar o preço da infelicidade vivendo sob o mesmo teto até que a casa caia, assumindo isso.
A questão é deixar a imaturidade para trás, fincar os pés no solo e assumir os passos que dá, com ou sem pegadas que gostaria de apagar. 
Essa é você, essa é sua escolha, essa é a pessoa que você deve amar em primeiro lugar. Todo o resto se ajeita, rindo ou chorando.
Como nos momentos de gestação que colocam a mulher para gestar a si mesma, para refletir sobre si. Deixar o papel de "filha" para ser mâe, deixar o papel de "queridinha" para ser dona de si. Tudo isso é trabalhoso mas é transformador e reconfortante, se a gente cresce nisso.
Conheço um número incalculável de mulheres que se posicionam como menininhas a vida inteira, a culpa de sua infelicidade é sempre do outro, não assumem escolhas, vivem das migalhas, vivem do que o outro deixa. Porque?? Ora, porque não olham e não decidem romper este laço patriarcal histórico- cultural! Vão de roldão na vida, ora à deriva, ora no rumo dos outros e bem de vez em quando, para onde querem ou pensam querer...
Coisas a pensar....
Bons Ventos!

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