Criança... ser humano em evolução

Hoje darei um primeiro passo em uma trajetória de muitos textos, falando especificamento destes seres tão incríveis quanto inspiradores, os seres humanos na infância.
Criança, assim os nomeamos.
Muitas já foram as maneiras que o mundo as nomeou e concebeu: mini adultos, pessoas pequenas ainda sem capacidades próprias, inocência,  pessoas que precisam ir à escola para serem "de verdade" (Carlo Collodi - Pinóquio 1883) e muitas outras. Cada uma a seu modo deu sua contribuição para que se chegasse até os dias de hoje.
Mas, que infância é essa a de hoje e que tipo de educação ela necessita?
Penso num olhar, não muito distante no tempo, onde  as crianças ou eram plenas de direitos (perpetuam-se em muitos ainda hoje esses olhos) ou pequenos adultos e deveriam corresponder a tal ( e haja discursos autoritários). Quanta ansiedade ignorante do mundo! - diria a Profa. Margarida Estrella, já nos anos 70.
Custou para nós encontrarmos meios de nos comunicarmos com a criança com base em seus interesses evolutivos e não com nossas imposições. Todo mundo viveu a cena de um adulto dizendo algo semelhante a "neném que nana" ou outros tat-bi-tats da vida. Falar articuladamente, claro e preciso  de forma simples, que ensina de modo adequado a articulação das palavras, foi tão negado a muita gente, por ter tamanho pequeno. Caímos no simplismo e perdemos a oportunidade de ser simples.
Ser simples implica em manter o conteúdo,de modo acessível,  dentro do nível de compreensão do outro. Requer humildade.
Essas condutas equivocadas, desviam a criança do seu processo de aprendizagem, por vias tortas que deleitam só o adulto interessado em "gracinhas" que o divertem. Considero um desrespeito à infância. Mas muitas pessoas vão condenar meu pensamento, de novo de forma simplista, com a afirmação "mas é tão bonitinho.. o que teria demais?".
Também para muitos, é mais conveniente dizer como se faz, fazer mesmo, do que sugerir que a criança chegue a conclusões, alcançando assim seu propósito. Isso daria muito trabalho.
Nas aulas de artes eu via muito esse efeito: um modelo para copiar é mais fácil do que conceber o desenho e realizá-lo. Estereótipos vazios, folhas devidamente xerocadas para colorir "do jeito certo". Na mesma contra-mão, temos as famílias que exigem uma valorização excessiva de desempenho e inflam-se porque "meu filho está adiantado" e outros chavões deseducantes nossos conhecidos.
Como obcecados por nutrição, muitas vezes transformamos a vida da criança numa chatice sem fim, dando-lhe tudo, sem dar espaço para que sua natureza se manifeste. Tolhemos a criatividade, a curiosidade e o prazer de descobrir e algumas vezes, até de desejar.
Assim, deixamos de aceitar que a criança se transforma a cada dia, globalmente. Quando acontece uma discrepância entre o crescimento e a transformação de forma global, aparecem as problemáticas, ficam visíveis os aspectos onde há deficiência nesta transformação. Assim se identificam problemas, limitações, necessidades especiais, falta de equilíbrio entre os aspectos físicos, emocionais e mentais. Daí que sabiamente, disse Rousseau: "é preciso deixar amadurecer a infância na criança".
Hoje sabemos que instruir não é educar.
Educação aborda o tratamento que deve-se dar à criatura humana desde sua germinação, até os últimos momentos de vida. Viver é um processo de educação.
A escola passa a ser o espaço onde além de instrução, a criança desenvolve seu caráter, sua forma de estar no mundo, seu olhar sobre si mesmo e seus propósitos de estar na vida e lidar com este mundo onde se encontra. Um espaço que precisa despir-se de suas estáveis armaduras catedráticas e mergulhar no mundo infantil e compreender como ele funciona, permitir a experiência, permitir aprender junto.
Daí ser tão delicado o processo de escolher a escola dos filhos. Mas isso fica para o próximo texto!
Bons ventos!!
Márcia


4 comentários:

  1. Oi Márcia! Estou acompanhando o blog e gostando muito. Estou pensando demais nisso de educação, escola, escolhas... Aguardando ansiosa o próximo texto!

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  2. Olá Márcia!
    Estou no mesmo barco...
    A escolha da educação e todos os seus nuances.
    Fico no aguardo do próximo texto, tb!
    Obrigada!
    Bj,
    Fernanda

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  3. Ai Márcia, coloquei Manu numa escolinha perto de casa e me desesperei ao ver exatamente isso que vc fala no texto, um enquadre da criança, uma padronsgem, uma uniformização, exatamente como foi feito com a maioria de nós.
    Só percebi pq ao fazer a adaptação pude ver a dinâmica da escola, dos professores, enfim...estou buscando outra, visitarei uma Waldorf nessa sexta e por mais traumático que seja trocá-la de escola com menos de duas semanas, acreditamos ser menos traumático que deixar matar a individualidade e a riqueza da infancia de nossa pequena, com autoritarismos, regras e exercício de poder!
    Aguardo seu novo post, parabéns pelo blog.

    Gi do Prado
    http://saopauloparacriancas.blogspot.com

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  4. Pois é,um assunto que angustia a maioria dos pais e mães, mesmo! Que bom que gostaram.
    Mas o caminho é esse mesmo, olhar seu filho, entender o que você espera dele antes de buscar um lugar para inserí-lo no contexto escolar. Vou falar sobre empoderamento no contexto escolar, aguardem um pouquinho!!
    abç

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